Antes de mais nada: eu ainda não sou pai e nem a minha esposa está grávida. Para entender a proposta deste blog, por favor leia a página de apresentação.
Eu estou treinando para ser pai, por enquanto apenas na acepção dessa palavra que se refere à maromba. Inclusive falei isso para a instrutora da academia do meu prédio, aqui em São Paulo: “eu quero treinar para ser pai”.
Ela achou interessante, imagino que tenha sido a primeira vez que ouviu essa motivação específica. Uma hora dessas eu confirmo se foi mesmo.
De qualquer forma, após as perguntas iniciais de quanto tempo eu teria, se eu queria também emagrecer ou só reforçar a musculatura e o que eu vinha fazendo de exercício nos últimos tempos, a professora indicou que deveríamos começar por um treino de base.
Ela deve ter olhado para o meu dad bod de quem ainda não tem filhos e concluído que era melhor começar do zero. Outra hora dessas eu confirmo isso também.
Sendo justo eu nunca levei a musculação a sério, então vamos nessa.

O meu primeiro treino para ser pai
Para fins de registro histórico, fiz uma foto do meu primeiro treino, que você pode conferir acima. Note que ele já está borrado pelo suor de um lutador, de um homem que escorreu em bicas já pensando no seu futuro bebê.
Mentira, eu borrifei sem querer na ficha a água com sabão de limpar o aparelho.
Acidentes de higiene acontecem, e o treino foi dividido em dois dias: um de membros superiores e outro de inferiores, dando um dia de descanso depois. Ou seja, eu vou segunda e terça, descanso quarta, e volta quinta e sexta. Aeróbico está liberado no sábado ou domingo e nos dias de treino, mas com moderação no começo.
Eu não pretendo correr, por enquanto, no máximo fazer uma escada ou uma esteira elevada com caminhada acelerada. Tenho o joelho cagado, como você que lê meu outro blog sabe.
Bem, o treino de superiores na segunda-feira foi tranquilo. Note que temos ali 3 exercícios de costas, 2 de peitoral, 1 de bíceps, 1 de tríceps e 1 de deltoides, o popular ombro. O trapézio ficou para o treino do mês que vem.
Não exagerei na carga e eram exercícios que eu costumava fazer, pois são bem basicões, como eu. Zero problemas e sem dores no dia seguinte.
Agachamentos, afundamentos e dor
Já na terça-feira, comuniquei à profe que só tinha treinado perna duas ou três vezes neste ano. A resposta dela foi “como assim, perna é o mais importante para o equilíbrio do corpo, lombar”, segundo de um premonitório “ih…”
Dos 8 exercícios propostos, 6 eu costumava fazer. O problema foi o tal do agachamento e, seu amigo, o afundo. Foi um verdadeiro afundamento da minha dignidade.
Tremedeira, desequilíbrio e arrependimento quase que instantâneo marcaram a execução das séries. A dor nas coxas já começou ali mesmo, além da dor na alma de pensar no que viria nos próximos dias.
Eu já saí da academia andando como se estivesse sofrendo com um mix de assadura e dormência generalizada. O constrangimento foi apenas em casa, já que fiz home office durante a semana, o que evitou olhares curiosos na linha 9 da CPTM rumo à Vila Olímpia.
Na Vila Olímpia, aliás, eu já recebo olhares atravessados por usar calça jeans e camiseta, sem coletinho de founder. Mas esse é outro assunto.
Os dias seguintes só podem ser classificados como humilhantes. Eu gemia para levantar da cama, levantar do sofá e qualquer outra atividade que envolvesse dobrar minhas pernas moribundas. Na minha mente, apenas a certeza de que isso tudo vai valer a pena no futuro, quando eu jogar uma bolinha com meu filho ou minha filha, que por sua vez estará descontente por ter que brincar com aquele velho de joelho cagado.
A negociação no treino seguinte de perna
Não tive outra saída a não ser negociar com a instrutora. Usei palavras dramáticas, na linha “fiquei sem andar por dias”, “mal saí do sofá” e “o que meu filho que vive no éter estará pensando de mim”.
Ela entendeu minha dor e concedeu que eu não fizesse nem o agachamento nem o afundo na terça-feira, mas exigiu que eu fizesse uma série a mais tanto da mesa extensora quanto da mesa flexora.
Achei justo, apertamos as mãos e cumpri o combinado. Porém, confesso que terminei o treino com um sentimento de bunda-molice. Na sexta vai o completo de novo, então.
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